domingo, 6 de dezembro de 2009
segunda-feira, 21 de julho de 2008
NÃO PISE NA GRAMA
Placa inútil e amarela:
"Não pise na grama."
Amarela pela ausência de girassóis.
Inútil porque não tenho os pés no chão.
Fabio Rocha
Fabio Rocha
O motivo do blog
Sempre quis fazer um registro do meu dia-a-dia, das coisas importantes ou não da minha vida. E justo hoje, quando completo 28 anos, resolvi registrar meus pequenos detalhes. Certa vez, tentei fazer um blog chamado " Campo Grande Alagada", na época chovia muito em Campo Grande. A idéia foi boa, porém não vingou muito. Falta de tempo, trabalho, estresse foram alguns motivos do insucesso.
Por fim, hoje estou aqui novamente. Torcendo para que tudo dê certo nesta nova jornada. O poema abaixo é a explicação para o nome do blog. Ressaltando "É preciso que haja qualquer coisa de flor em tudo isso.."
Enfim, é isso!
Sempre quis fazer um registro do meu dia-a-dia, das coisas importantes ou não da minha vida. E justo hoje, quando completo 28 anos, resolvi registrar meus pequenos detalhes. Certa vez, tentei fazer um blog chamado " Campo Grande Alagada", na época chovia muito em Campo Grande. A idéia foi boa, porém não vingou muito. Falta de tempo, trabalho, estresse foram alguns motivos do insucesso.
Por fim, hoje estou aqui novamente. Torcendo para que tudo dê certo nesta nova jornada. O poema abaixo é a explicação para o nome do blog. Ressaltando "É preciso que haja qualquer coisa de flor em tudo isso.."
Enfim, é isso!
Receita de Mulher
As muito feias que me perdoem mas beleza é fundamental.
É preciso Que haja qualquer coisa de flor em tudo isso
Qualquer coisa de dança, qualquer coisa de haute couture Em tudo isso (ou então Que a mulher se socialize elegantemente em azul, como na República Popular Chinesa).
Não há meio-termo possível. É preciso
Que tudo isso seja belo.
É preciso que súbito Tenha-se a impressão de ver uma garça apenas pousada e que um rosto Adquira de vez em quando essa cor só encontrável no terceiro minuto da aurora.É preciso que tudo isso seja sem ser, mas que se reflita e desabroche No olhar dos homens. É preciso, é absolutamente preciso Que seja tudo belo e inesperado. É preciso que umas pálpebras cerradasLembrem um verso de Éluard e que se acaricie nuns braçosAlguma coisa além da carne: que se os toque Como no âmbar de uma tarde. Ah, deixai-me dizer-vos Que é preciso que a mulher que ali está como a corola ante o pássaro Seja bela ou tenha pelo menos um rosto que lembre um templo eSeja leve como um resto de nuvem: mas que seja uma nuvemCom olhos e nádegas. Nádegas é importantíssimo. Olhos então Nem se fala, que olhe com certa maldade inocente. Uma boca Fresca (nunca úmida!) é também de extrema pertinência.É preciso que as extremidades sejam magras; que uns ossosDespontem, sobretudo a rótula no cruzar das pernas, e as pontas pélvicasNo enlaçar de uma cintura semovente.Gravíssimo é porém o problema das saboneteiras: uma mulher sem saboneteirasÉ como um rio sem pontes. Indispensável.Que haja uma hipótese de barriguinha, e em seguidaA mulher se alteie em cálice, e que seus seiosSejam uma expressão greco-romana, mas que gótica ou barrocaE possam iluminar o escuro com uma capacidade mínima de cinco velas.Sobremodo pertinaz é estarem a caveira e a coluna vertebralLevemente à mostra; e que exista um grande latifúndio dorsal!Os membros que terminem como hastes, mas que haja um certo volume de coxasE que elas sejam lisas, lisas como a pétala e cobertas de suavíssima penugemNo entanto, sensível à carícia em sentido contrário. É aconselhável na axila uma docerelva com aroma próprioApenas sensível (um mínimo de produtos farmacêuticos!).Preferíveis sem dúvida os pescoços longosDe forma que a cabeça dê por vezes a impressão De nada ter a ver com o corpo, e a mulher não lembre Flores sem mistério. Pés e mãos devem conter elementos góticosDiscretos. A pele deve ser frescas nas mãos, nos braços, no dorso, e na faceMas que as concavidades e reentrâncias tenham uma temperatura nunca inferior A 37 graus centígrados, podendo eventualmente provocar queimaduras Do primeiro grau. Os olhos, que sejam de preferência grandesE de rotação pelo menos tão lenta quanto a da Terra; eQue se coloquem sempre para lá de um invisível muro de paixãoQue é preciso ultrapassar. Que a mulher seja em princípio altaOu, caso baixa, que tenha a atitude mental dos altos píncaros.Ah, que a mulher de sempre a impressão de que se fechar os olhosAo abri-los ela não estará mais presenteCom seu sorriso e suas tramas. Que ela surja, não venha; parta, não váE que possua uma certa capacidade de emudecer subitamente e nos fazer beber
O fel da dúvida. Oh, sobretudoQue ela não perca nunca, não importa em que mundoNão importa em que circunstâncias, a sua infinita volubilidadeDe pássaro; e que acariciada no fundo de si mesmaTransforme-se em fera sem perder sua graça de ave; e que exale sempreO impossível perfume; e destile sempreO embriagante mel; e cante sempre o inaudível cantoDa sua combustão; e não deixe de ser nunca a eterna dançarinaDo efêmero; e em sua incalculável imperfeiçãoConstitua a coisa mais bela e mais perfeita de toda a criação imunerável.
Vinícius de Moraes
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